Páginas

domingo, 11 de dezembro de 2011

A Barata

Antes de começar, dedico esse conto á duas pessoas:
Primeira: á amiga que me contou: Rebeca, obrigada por me dar a história.
Segunda: á minha irmã, Brunna. Eu sei que você adora baratas.
Vamos á história agora pessoinha.
Sabe, eu não tenho medo de baratas. Pelo contrário. Até porque matar a barata não é algo complicado, basta um chinelo e uma boa batida (ou duas, ou três). Mas! Depois que você bate nela com o chinelo, você para e pensa: Bom, não vou pegar ela na mão, é nojento.
Então você vai até o banheiro pra pegar o papel higiênico e quando você volta...
Ela não está mais lá!
E eu penso: ELA ME VIU! Ela sabe onde eu moro! E ela vai voltar!
E vai voltar com asas, por que Deus não deu asa á cobra... Mas á barata!!

domingo, 6 de novembro de 2011

Pôr do Sol

Dois senhores, já idosos, todo fim de tarde sentavam-se em uma varanda, cada qual em sua cadeira e olhavam o sol se pondo láá longe. Nada diziam até o sol baixar, e, quando ele baixava um suspirava e dizia
:-Pois é.
Ao que o outro respondia:
-Pois é.
Assim os dois amigos iam embora, para no dia seguinte voltarem e a cena repetia-se.
-Pois é.
-Pois é.
Certo dia porém, os dois velhinhos encontraram uma terceira cadeira, e um terceiro senhor. Os dois primeiros sentaram-se e todos ficaram calados, admirando o belo espetáculo de Deus. O sol baixou devagarinho, lá longe. O primeiro disse assim:
-Pois é.
O segundo respondeu:
-Pois é
E o terceiro acrescentou:
-Pois é... Pois é.
E assim dizendo, os três se foram sem dizer mais nada. No dia seguinte os dois primeiros senhores não encontraram o terceiro e um disse para o outro:
-Poxa, legal esse nosso novo amigo não é?
-Sim, sim, muito simpático
-Só não gostei de uma coisa nele
-O que?
-Ele fala demais.
(História contada e escutada por Regina Machado, dia 5 de novembro de 2011)

sábado, 5 de novembro de 2011

Conte até Dez


Quando disser cinco, eu vou chegar e você nem vai me notar.
No seis eu vou estar parado na sua frente.
No sete vou me sentar.
No oito vou balançar a cauda.
E se você tiver sorte, no nove você vai me ver sorrindo pra
você.
Prazer, meu nome é Finn, sou um gato como pode concluir. Diz
aí, meus olhos violetas são demais né? É eu sei sou lindo mesmo. Sabia que ia
achar você, estava te procurando faz tempo, difícil de te achar viu? Te contar,
quase desisti, mas nós gatos somos perseverantes.
Bom chega de lenga-longa, eu vim te mostrar uma coisa. Pare
de gemer desse jeito, nunca viu um gato falar? Affe. Vem logo. Sim é naquele buraco ali, está
vendo? Como não? Tem uma FENDA DIMENSIONAL na sua frente e você não está vendo?
Credo. Não, você sabe muito bem o que fez.
Estou falando com você mesmo engraçadinho. Achou mesmo que
você podia sair por aí, lendo coisas que não devia e sair de mãos abanando?
Claro que não. Aliás, onde estão as cartas? Não sabe, tá bom, você é do tipo
que prefere as coisas do jeito difícil mesmo. Vem, coloca o pezão aí logo. Eu
sei que você não tá vendo a outra parte do meu corpo, é porque eu já estou
metade desse lado. Vem é bonito aqui, bem melhor que aí onde você tá, nesse
quarto bagunçado. E daí que são duas da manhã? Porque fica contando á essa
hora? Devia ter dormido, agora me aguente. Viu eu disse que era bonito aqui.
Sim, sim mas não ligue muito para as fadas, algumas são
chatinhas, cuidado com os cabelos menino, elas gostam de puxar algumas mechas.
Opa eu avisei. Ai meus bigodes! Vamos embora daqui. Ei você é muito caladão. Ah
entendi, tudo bem eu vou te falando o que são as coisas que você não conhece
pra você não ficar assustado. Onde? Nossa você tem sorte, acabou de ver um
tigre-dragão, eles são bem raros. Ah chegamos, só precisa atravessar a ponte.
Caramba não precisa ter medo! Eles não fazem nada. Eu sei que são crocodilos,
vieram do Nilo aliás portanto respeite-os. CUIDADO!
Distraído! Não viu o buraco na ponte? Tá, tá calma já passou
criança, não chore pequenino. Tenho uma ideia. CRAC! (não me olhe assim eu
tentei). Tá vindo, tá vindo! Agarra na pata dele assim ó! Graande! Isso mesmo,
você daria um bom agarrador de patas de tucanos gigantes. Hahaha, finalmente uma risadinha. Vira o
corpo pra lá porque a gente tá saindo do caminho certo. Tá vendo aquele Copo de
Leite ali? Não, não é desse copo de leite, to falando da flor, isso aquela
mesmo, grandinha né? Pula!
UEEEEEEE!
Minhauu. Ai.
Majestade! Perdão, eu calculei mau minha aterrisagem. Ei!
Isso de gatos sempre caírem em pé é lenda. Sim eu sou uma exce... O que?! Ora,
que ultraje. Digo, digo, perdão majestade o senhor está certo, certíssimo.
Trouxe o menino como o senhor pediu, mas ele disse que não
tem as cartas (aposto que está escondido aqui debaixo dessa cabeleira, já viu o
tanto de cabelo que ele tem?).
O QUÊ? Eu trouxe o menino errado?
Mas senhor...
Desculpe. Adeus guri.
Dez.

(Sawara S.S.)

Devaneios...


...Mas que vida entediante.
Frio. O vento sopra gelado, castigando-me a pele,
esfriando-me os ossos.
Ou isso é exagero? Não sei.
Talvez seja, parece mais
nobre colocar aqui que o vento gela-me até a alma! Oh! Estou devaneando
novamente. Devaneando em prol do vento frio que sopra dessas serras verdes.
Voltemos á vida, aquela que eu dizia ser tão entediante...

(Sawara S.S.)

Tolices...


-Quantas tolices! Quantas tolices!
Berrava o brado eu.
-Tamanhas tolices!
Que tolices?
-Todas! Todas essas!
Mas céus! Você não está se referindo á nada!
-Quantas tolices!

(Sawara S.S.)

Cara de quê?


-Eu tenho cara de intelectual?
-Não
-Não?! Tenho cara de quê então?
-De nada
-Como de nada? Tenho que ter cara de alguma coisa!
-Você tem cara de você!
-Mas só isso não me basta, tenho que ter cara de algo mais... mais...
-Mais o quê?
-Ora! Não sei! Só sei que tenho que ter cara de alguma coisa!
-Sua pergunta não tem fundamento
-Olha! Aquela menina tem cara de artista, ele de engenheiro, aquela de médica...
-Você quer ter cara de vocação?
-É! Quase isso... Acho...
-Fica com a de intelectual então.

(Sawara S.S.)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Chuva

Sabe aquelas tardes de sábado? Sim, aquelas tardes de sábado chuvosas.
Ou não os sábados, ou não as tardes, ou não mesmo as tardes de sábado chuvosas. Mas porquê então enfatizar as tardes de sábado? Não sei, pareceu-me mais bonito dizê-las.
São aqueles dias de tédio em que enfiamos a cara na janela só para olhar as gotas passando de folha em folha, ou ainda quando ouvimos uma frigideira crepitando e sentimos o cheiro de bolinhos de chuva, ou de um bom chocolate quente. Ou colocar um livro na frente e ler, e ler e ler...Até a chuva parar de cair, até os olhos ficarem pesados. Tem também aquelas vezes em que a energia acaba no meio de um filme, e você joga pragas e impropérios para a chuva no escuro da sala.
É incrível como simples gotas de água podem trazer tantas recorações não é mesmo?

(Sawara S.S.)

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Busca

-Olhe lá! Olhe lá mamãe não é ela?
-Será...?
-Oh! É ela! É ela!
-Sim, sim! Pastora Feia voltou!
-Onde está? Onde ele está? -Perguntava Pastora Feia afoita aos moradores da pequena vila, nem se dando ao trabalho de dizer-lhes oi.
-Ora onde mais? -Responderam todos achando graça.
-Ele não está lá! Não está na colina! -Respondeu a Feia em desespero
-O Tolo da Colina saiu da colina?
-Oh! Que tragédia!
-Tragédia! Tragédia!
-Era de esperar! Ele se cansou de ficar lá!
Pastora Feia começou a procurar. Onde estaria? Onde estaria seu querido Tolo da Colina?
Barba Grande não sabia, a doce Cabelo Vermelho também não, Perna Grande nada vira, nem mesmo o jovem Mensageiro! A Velha só resmungava, Pintado não falava, estava mudo como um peixe e Perna Fina só chorava.
Ninguém! Ninguém sabia do querido Tolo da Colina.
A Velha apontava acusadora para a Feia e soltou sua língua afiada:
-De tolo nada tinha o Tolo afinal! O que você queria? Que ele passasse a eternidade lá em cima?
-Mas...
-Nada de ''mas''! Vá viver sua vida e deixa ele com a dele!
-Lá se vai de novo a Feia de cabeça baixa...
-Será que ela volta?
-E ele? Será que ele vem?
-Ora é claro, todos voltam, mais cedo ou mais tarde. Só para ir até a colina e respirar lembranças.

(Sawara S.S.)

domingo, 5 de junho de 2011

Festa!

Várias pessoas reunidas. Espalhadas pela casa, no andar de cima, no inferior, do lado de fora, comendo conversando e rindo muito.
-Hora de cortar o bolo pessoal!
Disse uma voz em meio aos cochichos, gritos e exclamações. O bolo foi posto á mesa, algumas das pessoas já reunidas em volta dele.
-Falta gente!
-Ei ei pessoal venham aqui!
Nada.
-Isso não vai adiantar
Disse um homem e com um sorriso maroto no rosto continuou:
-Vamos combinar o seguinte, quando eu disser: e eles cortaram o pepino! Vocês vão dar risada
Rostos incrédulos, dar de ombros, cabeças concordando.
-Então vamos lá... E eles cortaram o pepino!
Risadas forçadas, gargalhadas escandalosas.
-Entenderam? Cortaram o pepino!
Risos descontraídos e alegres, aquilo realmente era ridículo.
Pessoas surgiam de todos os lados, aglomerados nas escadas chegavam, algumas lamentavam:
-Puxa qual foi a piada?
-Não sei só ouvi o final...
Todos riam dos recém chegados que nada sabiam.
O bolo foi cortado, os parabéns dados.
E aquele homem que dera a brilhante idéia fora abordado por um colega:
-Ei
-Sim?
-Qual foi a piada? Eu só ouvi um negócio de pepino...

(Sawara S.S.)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Confissões De Uma Menina

Sonhei ser margarida,
Sonhei em ter asas de anjo,
Sonhei em tocar as nuvens com meus dedos e desmanchá-las em minha boca como algodão doce,
Sonhei ter um cavalo com asas e
Sonhei ter os cabelos da jovem Rapunzel.

Só não sonhei em ser mulher,
Mulher sem sonhos,
Mulher com lembranças.

(Sawara S.S.)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Gerações

Um senhor, já de certa idade, estava sentando solenemente em um banco de praça, um banco de um branco sujo, uma ruazinha de pedras contornava o local, que seguia na direção de outros banquinhos e terminava em um coreto modesto, a trilha era seguida por amores perfeitos azuis e liláses, que dançavam a música do vento. O senhor estava a ler seu jornal, com a cara enterrada entre os minúsculos pontos negros, quando um jovem se aproxima, de boné preto de lado, camisa larga, sapato colorido e uma calça jeans.
-Eae coroa, beleza?
O senhor deixou seus pequenos óculos escorregarem um pouco do nariz e fitou o jovem.
-Boa tarde rapaz
O garoto se sentou no banco desleixadamente e virou a cabeça para cima.
-Mó solzão né tio?
O senhor confirmou com a cabeça.
-Está um dia expecionalmente belo
-Cara, tu fala estranho
Mais uma vez os óculos do velho escorregaram por seu nariz quando este fitou o jovem incrédulo, o rapaz também o fitou, por poucos minutos pois começara a dobrar-se de rir.
-Gostei de você coroa!
Disse o garoto ainda rindo.
-Hum
O senhor voltou a sua pacata leitura, virando cuidadosamente a página do jornal. O rapaz por sua vez, como se encontrava entediado, tirou uma moeda do bolso e ocupou-se a batuca-la no banco, era um tic tic sem fim. O senhor dobrou seu jornal e o depositou em seu colo e fuzilou o jovem com o olhar. Depois de alguns segundos assim o rapaz percebeu o olhar do velho e pulou do banco assustado.
-Ou! Desculpa ai tio! Falous vou nessa
E saiu apressado.
Passado aquele dia, seguiram-se outros, e em várias ocasiões o jovem encontrava aquele mesmo senhor no mesmo banco lendo seu jornal. Até que em um dia o velho não apareceu, nem no outro, nem no outro, nem em nenhum dia que se seguiu. O jovem continuou a levar sua vida normalmente, ás vezes se lembrava daqueles dias que passara na companhia de um senhor estranho.
Então, um dia desses me sentei em um banco de praça, e vi um senhor, a ler jornal, me sentei no banco ao seu lado e como não havia o que falar indaguei:
-Está um dia agradável não?
O senhor sorriu para mim, e arrisco-me a dizer, trazia uma peculiar jovialidade nos olhos quando proferiu a frase:
-Está um dia expecionalmente belo!

(Sawara S.S.)