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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Cais

Um homem já de certa idade, estava sentado em uma mesa de bar, próximo a um cais velho. A mesa era feita de madeira, com tábuas velhas e sujas de gordura, várias garrafas de cerveja vazias estavam espalhadas pela mesa, e um copo grande, sujo e com metade dele vazio repousava a frente. O velho olhou para o lado, onde um bando de jovens faziam baderna e cantavam canções, eram os únicos no bar, o homem atrás do balcão olhava para a pequena TV maravilhado.
-Bando de vagabundos
Resmungou o velho.
Passado algum tempo o grupo de jovens foi embora, cantando pela rua e festejando com quem quer que encontrassem pelo caminho.
-Ei! Vou fechar aqui senhor
Gritou o homem do balcão.
O velho sorriu e entornou o último copo de cerveja na boca cheia de dentes amarelados, saiu trôpego do bar e olhou pro céu, que chamuscava em fogos de artifício. O velho balançou os ombros, se dando por rendido e disse debilmente:
-Bom, feliz ano novo Tom!
E andou em direção ao cais, entrando em um pequeno barco, onde deitou-se e ficou a olhar o céu até adormecer.

(Sawara S.S.)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

E ele rodopia e rola...

Imagine você, leitor, uma rua livre de almas, ouvindo apenas o som da brisa que faz as folhas das árvores dançarem harmoniosamente como bailarinas, rodopiando no ar até pousarem ao chão.
Agora, imagine que seus olhos viram-se para o chão cinzento e vêem algo parecido com um cone cheio de espinhos, que lhe foge o nome, só sabe-se que este caiu de uma das enormes árvores, e, embora há muitos desses cones espalhados no chão, aquele em especial lhe chama a atenção, então, você mete-lhe um pontapé e o mesmo rodopia e rola rua acima, seu rosto antes esboçando o tédio, abre um sorriso débil.
Incrivelmente você se recorda do nome daquele frágil cone da árvore. Então você corre atrás da pinha e chuta-lhe novamente, e a pinha rodopia e rola rua acima...

(Sawara S.S.)

sábado, 9 de outubro de 2010

Palavras

Tantas letras se embaralham em minha mente
Mas poucas palavras são formadas
E as poucas que me escapam dos lábios
Não dizem nada que faça sentido aos seus ouvidos

(Sawara S.S.)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Esquecer...

O vento passa por mim, faz meus cabelos balançarem raivosamente pela frente do meu rosto, eu estou na ponta de um penhasco que cai para um encosto rochoso no mar azul, o cheiro do sal, as ondas quebrando lá embaixo, nada disso importa para mim.
Porque? Porque a vida não faz mais sentido. Eu deveria agradecer muito por tudo o que eu tenho, tenho uma familia maravilhosa que trabalha duro, tenho amigos incriveis e gosto de todos eles. Mas, aquele que eu mais amava no mundo inteiro se foi.
Era uma noite clara, de verão. Estavámos sentados em um banco de praça, quando um homem se aproximou.
Ora, eu quase escorreguei, penso em me jogar daqui, deve ser emocionante a sensação de cair no esquecimento.
Bom, o homem que se aproximou no inicio não parecia ameaçador, até notarmos uma arma em sua mão, não me recordo qual, ele queria dinheiro. Demos o dinheiro a ele, mas, mesmo assim ele apertou o gatilho e a maldita bala perfurou o coração de Diego.
Pergunto-me: porque matar alguém por motivo algum? Não há sentido nisso para mim
Disseram-me que ele ficaria bem, ele me disse antes de fechar os olhos que nos encontrariamos novamente.
Bom, eu sou apressada, quero ver seu rosto novamente nas ondas do mar e nas pedras verdes de musgo...

(Sawara S.S.)

Amoras Esmagadas

Pouso meus pés descalços na superfície da Mãe
Meus olhos tocam o chão e vêem folhas marrons, amarelas e verdes
Eu sinto o esmagar das pequenas frutas roxas e rosadas
E me arrebata o odor
De amoras esmagadas...

(Sawara S.S.)