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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Confissões De Uma Menina

Sonhei ser margarida,
Sonhei em ter asas de anjo,
Sonhei em tocar as nuvens com meus dedos e desmanchá-las em minha boca como algodão doce,
Sonhei ter um cavalo com asas e
Sonhei ter os cabelos da jovem Rapunzel.

Só não sonhei em ser mulher,
Mulher sem sonhos,
Mulher com lembranças.

(Sawara S.S.)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Gerações

Um senhor, já de certa idade, estava sentando solenemente em um banco de praça, um banco de um branco sujo, uma ruazinha de pedras contornava o local, que seguia na direção de outros banquinhos e terminava em um coreto modesto, a trilha era seguida por amores perfeitos azuis e liláses, que dançavam a música do vento. O senhor estava a ler seu jornal, com a cara enterrada entre os minúsculos pontos negros, quando um jovem se aproxima, de boné preto de lado, camisa larga, sapato colorido e uma calça jeans.
-Eae coroa, beleza?
O senhor deixou seus pequenos óculos escorregarem um pouco do nariz e fitou o jovem.
-Boa tarde rapaz
O garoto se sentou no banco desleixadamente e virou a cabeça para cima.
-Mó solzão né tio?
O senhor confirmou com a cabeça.
-Está um dia expecionalmente belo
-Cara, tu fala estranho
Mais uma vez os óculos do velho escorregaram por seu nariz quando este fitou o jovem incrédulo, o rapaz também o fitou, por poucos minutos pois começara a dobrar-se de rir.
-Gostei de você coroa!
Disse o garoto ainda rindo.
-Hum
O senhor voltou a sua pacata leitura, virando cuidadosamente a página do jornal. O rapaz por sua vez, como se encontrava entediado, tirou uma moeda do bolso e ocupou-se a batuca-la no banco, era um tic tic sem fim. O senhor dobrou seu jornal e o depositou em seu colo e fuzilou o jovem com o olhar. Depois de alguns segundos assim o rapaz percebeu o olhar do velho e pulou do banco assustado.
-Ou! Desculpa ai tio! Falous vou nessa
E saiu apressado.
Passado aquele dia, seguiram-se outros, e em várias ocasiões o jovem encontrava aquele mesmo senhor no mesmo banco lendo seu jornal. Até que em um dia o velho não apareceu, nem no outro, nem no outro, nem em nenhum dia que se seguiu. O jovem continuou a levar sua vida normalmente, ás vezes se lembrava daqueles dias que passara na companhia de um senhor estranho.
Então, um dia desses me sentei em um banco de praça, e vi um senhor, a ler jornal, me sentei no banco ao seu lado e como não havia o que falar indaguei:
-Está um dia agradável não?
O senhor sorriu para mim, e arrisco-me a dizer, trazia uma peculiar jovialidade nos olhos quando proferiu a frase:
-Está um dia expecionalmente belo!

(Sawara S.S.)